Reflexos da Reforma Trabalhista na Previdência Social

A Reforma Trabalhista impacta o custeio da Previdência Social, afeta a manutenção dos benefícios, amplia os efeitos da terceirização e traz desafios para a seguridade.

POLÍTICAS PÚBLICASDIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRODIREITO DO TRABALHOSEGURIDADE SOCIAL

Silvio Marques Garcia e João Raul Penariol Fernandes Gomes

12/31/2024

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Este estudo analisa as alterações recentes na legislação trabalhista, examinando-as sob a perspectiva de seus prováveis impactos sobre o custeio da Previdência Social. As mudanças introduzidas no regime jurídico do trabalho, especialmente após a ampliação das possibilidades de contratação, flexibilização das jornadas e redefinição de institutos tradicionais, tendem a produzir efeitos imediatos e mediatos na base de financiamento do sistema previdenciário. Como a Previdência Social depende, estruturalmente, das contribuições incidentes sobre a remuneração do trabalho, qualquer alteração que modifique a forma de contratação, a composição do salário ou a natureza jurídica das parcelas pagas ao trabalhador repercute diretamente na arrecadação e, consequentemente, na capacidade de manutenção dos benefícios.

Entre os pontos que provocam maior preocupação está a ampliação da terceirização e a modificação da natureza de verbas que compõem o salário de contribuição, como diárias, abonos e gratificações. Ao serem descaracterizadas como parcelas salariais, esses valores deixam de integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias, reduzindo o ingresso de recursos e afetando o equilíbrio financeiro do sistema. Além disso, a fragmentação dos vínculos de trabalho e o aumento das formas atípicas de contratação — como trabalho intermitente, parcial ou por demanda — podem gerar carreiras contributivas mais curtas, remunerações irregulares e períodos de contribuição descontínuos.

A consequência direta dessa dinâmica recai sobre o cálculo dos benefícios previdenciários, cuja renda já sofreu redução significativa em razão da recente Reforma da Previdência. Dessa maneira, as mudanças trabalhistas, somadas à rigidez das novas regras previdenciárias, tendem a produzir benefícios de menor valor, ao mesmo tempo em que fragilizam a própria capacidade de custeio do sistema. O estudo, portanto, busca compreender esses impactos e contribuir para o debate sobre a sustentabilidade financeira e social da Previdência no contexto pós-reforma.